Legado do coração
- Margarete Brito
- 24 de jun. de 2022
- 2 min de leitura
Sou paulistana, da terra da garoa, da cidade 24 horas, e por mais de 40 anos vivi circulando por suas ruas aceleradas, pelas sombras dos imensos prédios. Sempre ouvi o mantra: Tempo é dinheiro.
Essa loucura toda, desassossegava meu coração, o tempo não poderia ser muito mais que isso?
Daí mudei de cidade em busca da tal qualidade de vida, e sabe o que descobri?
O problema não é a cidade, somos nós, a agitação interna que invade nossos pensamento e ações!!!
Trabalhei por quase 15 anos em meu último emprego, tive boas oportunidades, fiz bons amigos e quando sai de lá, muitos disseram que deixei um legado. Lógico que me orgulho disso, mas não foi fácil, sei que fui sincera e honesta em tudo que fiz, mas pensei: E o legado do coração?
Aquele que não apenas fica ali no passado como uma lembrança, mas sim o que permanece e se eterniza nas pessoas.
Esses são poucos!
Não sei quantos deixei, e se deixei!
Porém, o mais interessante disso tudo, é que os legados que levo comigo pertencem a outra esfera, algo mais sentimental: uma pessoa disposta a ouvir com empatia, um abraço inesperado, um olhar de compreensão.
Instantes que tenho certeza de que se você se permitir parar agora por alguns minutos, vai encontrar isso dentro de si. E espero que sorria de gratidão ou chore de saudade.
Pensamos em fazer coisas grandiosas, quem sabe até ganhar um prêmio Nobel? Deixar algo para a eternidade em nossa passagem pela Terra.
Mas, e quanto a nossa passagem pela vida das pessoas que estão mais perto de nós?
Essa semana eu li o capítulo: Câmbio do livro Espera servindo de Chico Xavier, e um trecho mexeu profundamente comigo:
"Há quem espera auxílio dentro da tua própria casa"
Mas saindo do quesito religião, voltemos a questão da empatia, eu percebi que podemos chegar nos corações das pessoas, justo essas que estão ali do seu lado todo dia ou quase sempre de tantas maneiras, quer alguns exemplos?
Um bom dia na academia, no elevador ou na rua mesmo.
Aquela paradinha na correria para fazer um carinho na esposa ou dar um beijo mais demorado nos filhos.
Ouvir atentamente as pessoas, há tantas lições e aprendizados nesses momentos.
Não perder o contato com os amigos e sempre se programar para momentos especiais com eles.
Ser você a pessoa que pacifica o clima tenso no ambiente de trabalho.
Com certeza muitas outras ideias vieram a sua mente, nós sempre queremos ter atenção dos outros, mas muitos precisam de um pouquinho que seja da nossa atenção, e esses pequenos gestos podem fazer a grande diferença no dia de alguém.
Pode ser que você não deixe grandes legados para o mundo, mas com certeza poderá deixar em muitos corações.
Sobre a autora:
Margarete Brito é membro correspondente da Academia Itabaianense de Letras, apresentadora no Canal Caqui Literário no Youtube e do quadro Cantinho da Leitura no Programa Porto do Sol na Rádio Metropolitana AM.
Possui vários contos e dois romances publicados.
Em 2019 conquistou o 3º lugar na categoria melhor escritor no prêmio Destaques do Alto Tietê DSTAQS. E em 2022, o 4º lugar no Concurso: Arte: Substantivo feminino realizado pela Secretaria da Cultura de Mogi das Cruzes.
Siga: @margaretebritoautora e @caquiliterario no Instagram

Aqui está eternizado no meu ❤️
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